Bola de Sebo & Geni

Na semana passada comprei na livraria a coletânea de textos de Guy de Maupassant, recentemente lançada pela Companhia das Letras. Eu tinha lido alguns contos esparsos de Guy, mas nunca havia tido uma coletânea de seus textos. Embora a apresentação dos contos siga uma ordem cronológica, resolvi desrespeitá-la e seguir diretamente para o conto Bola de Sebo, muito famoso.

Devorei o conto, que é daquele tipo que mexe com o seu brio, causa desconforto e, ao final, revolta. Maupassant expôs neste conto toda a hipocrisia da sociedade francesa ao final do século XIX, que dispensava às pessoas um tratamento de acordo com a utilidade com o indivíduo apresentava - ou mesmo sua "desutilidade". Terminei a leitura revoltada, não só pelo fim de Bola de Sebo, a personagem principal, mas por me dar conta que esse tipo de comportamente ainda existe hoje e é até mesmo usual em alguns grupos.

À medida em que avançava na leitura vinha-me sempre à memória a música do Chico Buarque, que fala da Geni. Acho que Chico transformou a Geni na Bola de Sebo brasileira. Enquanto ela tem utilidade, as pessoas dispensam a ela uma certa dignidade; tarefa cumprida, retoma-se o desprezo de antes.

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