Berlim é a minha cidade preferida. Dito desta forma, parece que viajo constantemente para lá. Engano. Por três meses morei em Frankfurt (Oder), cidade a leste de Berlim e localizada na fronteira entre Alemanha e Polônia. Em virtude disto, visitei Berlim com bastante freqüência e a cada visita a cidade eu me apaixonava ainda mais, por tudo.

Visitei vários museus que tinham acervo desde o antigo Egito e a Grécia (Museu Egípcio e o Pergamon) até de arte moderna (Brücke Museum). Passei por seus parques, pelos seus cafés, pelas suas avenidas e talvez, o que mais tenha me encantado, seja o fato de ter topado em cada canto com um pedaço da história - e não da II Guerra exclusivamente.
Um dos locais mais interessantes é uma galeria a céu aberto chamado de East Side Gallery, nas imediações de Kreuzberg-Friedrichshain. Após a reunificação alemã um trecho de mais de um quilômetro do Muro de Berlim (do total original de 106 km que serviam de cápsula para o lado ocidental da cidade) foram preservados e, na primavera de 1990, 21 artistas de diferentes países foram convidados a produziram obras em murais. Desde novembro de 1991 as obras foram listadas como patrimônio histórico e representam a história da divisão e reunificação da Alemanha e da alegria que a queda do muro representou. De momento, não vou entrar nas diferenças e nas dificuldades entre Wessis e Ossis oriundas dessa reunificação...
Nesta galeria há várias obras incríveis, e elas têm substituído os grafites de protestos que por anos cobriram o muro do lado ocidental até a reunificação. Acho divertido o trabalho de Birgit Kinder intitulado "Test the Best".


A obra mostra um "Trabi", carro muito popular na Alemanha Oriental, atravessando o muro. Num primeiro momento levamos em conta apenas o aspecto cômico da obra, mas de repente vem à mente - especialmente de quem visitou o museu do muro no Checkpoint Charlie, área de mudança do setor norte-americano para o soviético na cidade - de que o Trabi foi utilizado muitas vezes como ferramenta de fuga de Ost Berlin, escondendo alemães que tentavam atravessar o muro, muitas vezes pagando por isso com a própria vida.


Só para se ter uma idéia de como a tentativa de travessia poderia levar à morte, segue a seguinte estatística sobre as vítimas:

Número de mortes junto ao muro de Berlim e nas fronteiras internas da Alemanha Oriental até a reunificação:

Fronteira de Berlin Ocidental - 252 mortes
Fronteiras internas - 520 mortes
Mas Báltico - 185 mortes
Tropas de fronteira da DDR - 85 mortes
Após a fuga (mortos na Alemanha ocidental) - 1 morte
Mortes durante a tentativa de fuga - 7 mortes

Acredito que mais mortes ocorreram mas não foram computadas...



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